Precisamos de jogos perfeitos?

Eu acreditava que o brilho das máquinas era arte. Crescendo com o jazz de Harlem da minha mãe e o silêncio concreto de Berlim, vi como os jogadores perseguem jackpots brilhantes como se buscassem validação — cada giro um ritual, cada vitória um bálsamo temporário para o vazio interior. A indústria chama isso de ‘entretenimento’. Eu chamo de alienação digital. Os jogos ‘Super Star’ não recompensam alegria — vendem a ilusão de que a aleatoriedade é justa. Eles empacotam o RNG como poesia escrita por algoritmos para anestesiar nossa saudade. Um RTP de 96%? Não é generosidade — é uma armadilha cuidadosamente calibrada envolta em veludo neon.

Uma vez codifiquei um experimento: uma máquina minimalista onde o único símbolo era o silêncio. Sem luzes. Sem sinos. Apenas um botão — pressione e espere.

Na Figma, criei o protótipo ‘The Quiet Spin’: sem selvagens, sem dispersões, sem pools de jackpots. Apenas uma roda em tons de cinza contra fundo negro com uma estrela desbotada — um único ponto de luz que nunca se alcança.

Os jogadores chamaram-no quebrado.

Eu chamei-o honesto.

Dizem-nos para ‘apreciar o processo’. Mas e se esse processo foi projetado para nos impedir de sentir?